Não se pode explicar o amor incondicional do Pai. Somente quem ama sabe a dor de perder um amigo, um filho…
A dor que o Senhor Jesus sentiu não foi de ter carregado os nossos pecados e dores. Antes, Ele sentiu a dor da impotência.
Isso mesmo, impotência!
Pois Ele estava com Suas mãos e pés acorrentados na casa de Caifás esperando o julgamento.
Enquanto o Seu coração estava agonizando por causa do amigo Judas, Cristo não carregava rancor ou vingança porque, ali, nunca houve lugar para tais sentimentos.
Ele carregava a tristeza de não poder sair daquelas amarras que o aprisionavam. Mesmo sentenciado à morte, não se preocupou com ela.
Os seus olhos procuravam aqueles que estavam livres de algemas e prisões materiais, mas, que eram prisioneiros de um cárcere interior, que haviam sido sequestrados por si mesmos e precisavam ter esse encontro de libertação pessoal.
Isso aconteceu com o apóstolo Pedro.
Mesmo negando e temendo ser descoberto como amigo e discípulo de Cristo, aquele homem teve esse encontro quando o Senhor, após o silenciar do galo, olhou para ele.
Naquele momento, Pedro sentiu o poder do olhar terno e amoroso do Pai.
Imagino Jesus olhando para Pedro e sem nenhuma palavra a dizer tudo o que precisava. Mas o coração de Cristo sofria.
Ali estava o Divino que se fez homem, um homem de carne e osso que, por ter se esvaziado de Sua glória, sentia a força de uma algema e a angústia de não poder sair dali e ir atrás de Sua ovelha perdida.
Assim como havia ensinado, a respeito da parábola da ovelha perdida, agora Ele estava vivendo esse momento com uma única diferença: a ovelha estava perdida, mas o seu pastor estava aprisionado.
Que dor!
Se não houvesse aquelas prisões, o Senhor teria saído por cada rua, beco ou viela procurando por Judas para encontrá-lo.
E achando-o teria colocado aquela ovelha - perdida pelo orgulho e pela loucura da traição - em seus ombros e, sem buscar nenhuma explicação, o teria conduzido ao aprisco de Seu pastoreado.
Como foi doloroso ao Pai perder uma ovelha porque estava impossibilitado de correr até ela e amá-la...
Que amor imensurável é esse?