Quero lembrar algo que considero importante pontuar, visto que me traz conforto e pode confortar outros. Diz respeito a Jesus, que creio ser o Cristo de Deus.
Ainda que não seja Ele a figura reconhecida religiosamente para muitos; não seja Deus para outros; não seja o personagem histórico que a fé cristã prega, segundo outros; isso não anula a sua importância e relevância.
Basta lembrar que Sua vida dividiu as eras. A história do homem divide-se em antes Dele (a.C.) e depois Dele (d.C.). Não se pode negar isso!
Sendo alguém de tão alto valor na história da humanidade, você já se perguntou como Jesus era identificado em Sua época?
O Nazareno foi chamado de Rabi (em caracteres hebraicos רַבִּי - Rabbi). A maioria de nós desconhece o fato de que Jesus não era chamado sacerdote (embora o sacerdócio fosse reconhecido em seu ministério).
Tampouco foi chamado de pastor (embora identificado como sendo o Supremo Pastor). Também não foi chamado, nas ruas, de pregador ou evangelizador, mas reconhecido como Rabi, que, traduzido de forma simples, é Mestre.
Jesus foi Mestre! Que honra para o ofício! Talvez isso confirme o sentimento de sacerdócio presente no dom do ensino, mesmo sem a devida honra. Quem é mestre o é por sacrifício de amor.
Alguns detalhes estão presentes nesse termo hebreu. A palavra hoje utilizada para o equivalente Rabi, no judaísmo, é Rabino (salvo sua pequena distinção).
O termo carrega a raiz "rav", que literalmente significa "grande" ou "distinto em conhecimento".
Jesus foi o primeiro judeu a ser chamado de Rabi
A afirmação de que Jesus foi o primeiro judeu a ser chamado de Rabi aparece na Bíblia, na citação do próprio Jesus, ao dizer:
“Nem vos chameis mestres, porque um só é o vosso Mestre, que é o Cristo” (Mateus 23:10).
E, não se espante, é de uma riqueza de sentido tão grande que merece atenção.
A palavra hebraica traz consigo (como é natural à língua hebraica), um leque de outras palavras em sua raiz. E todas importantes para o sentido da ideia de "mestre".
Confira algumas:
1º - Rabi traz a raiz "riv" (capitão, comandante)
É para tristeza nossa afirmar que este é um dos sentidos perdidos da palavra "mestre" nas escolas.
Um professor deveria ter o respeito devido a um comandante, pois é ele o condutor e detentor da autoridade, é alguém superior a nós no saber.
Mas não é assim que veem os alunos e (infelizmente) alguns pais, a figura do mestre, não tendo qualquer respeito por essa tão alta patente – a de mentor do saber.
2º - Rabi traz a raiz "rav" (bravo, valente)
Valente é outra qualidade que se pode atribuir a um mestre, pois não se acovarda diante dos desafios da árdua vocação.
Ele também é bravo, não no sentido de destemperado, furioso, mas no sentido de um espírito valente e determinado a alcançar seu objetivo de ensinar, de fazer discípulos.
Alguém que deixa no outro, de maneira forte, a marca do seu próprio saber.
3º - Rabi traz a raiz "rev" (multiplicar)
O mestre é um multiplicador como um semeador que lança sua variedade de sementes e forma uma floresta; como um multiplicador de sabedoria. Um verdadeiro replicador de si mesmo.
4º - Rabi traz a raiz "ravivin" (chuvas abundantes)
Um mestre é aquele que traz consigo o que é essencial para o crescimento da semente do saber em um campo seco do conhecimento – a chuva.
Ele rega, sacia a sede, alimenta a raiz, torna o mundo ao seu redor com mais vida.
Os seguidores
Como é rica a função de um mestre! Como é nobre!
Por isso, os seguidores de seus mestres são chamados "talmidim", em hebraico, que significa "empoeirados".
Isso porque andavam tão próximos de seus mestres, por saber que eram fontes para matar sua sede de conhecimento, que a poeira levantada pelos pés do mestre (por estarem os discípulos tão perto), sujava-os.
Outro detalhe é igualmente relevante: a terminação "i" (rabi) dá à palavra o sentido de "identificação pessoal", ou melhor, o sentido de "meu".
Assim como na cruz Jesus disse: "Eli, Eli...", que traduzido é "Deus meu, Deus meu", assim ocorre com a palavra Rabi, "meu grande e distinto mestre".
Isso é o que difere do termo rabino, que possui a terminação "ino" (rabino), que dá o sentido de coletividade: "nosso". Então, rabino é "nosso mestre".
O que essa diferença da terminação da palavra me oferta é a ideia de que escolhemos nossos mestres. Talvez por nossa vocação. Talvez pela identificação com o seu saber.
Não sei. O que sei é que ao escolher o "meu mestre" (Rabi), identifico-me com ele também. Pois que, o saber é ministrado por alguém.
Esse alguém deixa, junto com o seu saber, a própria alma.
Fica meu respeito, admiração e louvor ao "meu Mestre" (Rabi), Jesus.
Aquele que ofertou a todos o saber de Deus; que é meu comandante; que mata minha sede; que é forte e determinado. E, como se não bastasse, deu sua própria vida por seu objetivo!